domingo, 29 de maio de 2016

Marcelo Odebrecht está próximo de fechar acordo de delação premiada

Marcelo Odebrecht está próximo de fechar acordo de delação premiada

A delação premiada do empresário Marcelo Odebrecht, motivo de preocupação para políticos do PMDB e do PT, está perto de ser fechada, apurou o Valor PRO, serviço em tempo real do Valor. Ele e outros ex-executivos do grupo negociam há meses um acordo com procuradores do Ministério Público Federal no Paraná e da Procuradoria-Geral da República que atuam na Operação Lava-Jato. Advogados dos candidatos a delatores vêm participando de reuniões semanais com os responsáveis pelas negociações. Os encontros desta semana estão sendo considerados “definitivos” pelos envolvidos.
Até agora, a negociação já teria avançado para detalhes de temas que serão tratados nos anexos da delação, além de multa a ser aplicada e condição e tamanho da pena a ser cumprida, segundo disse uma fonte ao Valor . Marcelo Odebrecht já cumpre execução provisória de pena de 19 anos e quatro meses e figura como acusado em outros procedimentos. Ele está na cadeia desde 19 de junho do ano passado e busca sair do regime fechado.
Os candidatos a delatores teriam concordado em entregar informações sobre pagamentos de caixa dois em campanhas eleitorais para governos federal e estadual, além de irregularidades em obras no exterior. Os anexos também trariam detalhes sobre o esquema de pagamento de propinas pela Odebrecht em outros países, que contaria com remessas por intermédio de offshores e operadores com dinheiro vivo, de acordo com fontes ouvidas pela reportagem.
Marcelo Odebrecht também teria detalhado contratos e financiamentos obtidos pela Odebrecht com o BNDES. E ainda reuniões e telefonemas com dirigentes e integrantes da diretoria do banco. Um dos interesses dos investigadores é apurar suspeitas sobre suposta interferência políticas na concessão de crédito, em troca do pagamento de propina a políticos e a partidos.
Outro tema que esteve na mesa de discussão envolvia irregularidades no Judiciário, mas ainda não está claro se o assunto entrará ou não nas delações dos ex-executivos da Odebrecht.
A possibilidade de acordo dos empresários vinculados à Odebrecht com a força-tarefa da Lava-Jato tem tirado o sono do alto escalão do PMDB. Em conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado — que teve delação homologada pelo Supremo Tribunal Federal na terça-feira —, o ex-presidente José Sarney classifica o potencial da delação de Odebrecht como “metralhadora [de calibre] ponto 100”. Ele também relacionou a Odebrecht a um pagamento ao marqueteiro João Santana que a presidente afastada Dilma Rousseff teria pedido diretamente durante campanha eleitoral, cujo ano não determinou. Machado disse que “não há quem resista a Odebrecht”. As conversas foram reveladas pelo jornal Folha de S. Paulo e TV Globo.
Em outra gravação, o ex-chefe da Transpetro perguntou ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDBAL): “Mas, Renan, com as informações que você tem, que a Odebrecht vai tacar tiro no peito dela [Dilma], não tem mais jeito”. Renan então respondeu: “Tem não, porque vai mostrar as contas”.
O Valor não conseguiu contato com o advogado Theo Dias, que lidera as negociações em que se busca um acordo para a Odebrecht.

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