domingo, 3 de abril de 2016

11,5 MILHÕES DE DOCUMENTOS EXPÕEM CORRUPÇÃO GLOBAL

11,5 MILHÕES DE DOCUMENTOS EXPÕEM CORRUPÇÃO GLOBAL

Registros da empresa panamenha Mossack Fonseca, que tem milhares de clientes em todo o mundo, mostram como chefes de Estado, criminosos e celebridades ocultam recursos em paraísos fiscais

Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos*
O acervo de 11,5 milhões de registros financeiros de um paraíso fiscal expõe uma rede de empresas offshore de líderes do cenário político mundial  –  inclusive 12 chefes de Estado atuais e antigos –  e revela como integrantes do círculo de poder do presidente russo Vladimir Putin movimentaram secretamente US$ 2 bilhões por meio de bancos e companhias com atuação obscura.
Os documentos revelam quatro décadas de registros da empresa Mossack Fonseca, sediada no Panamá e com escritórios em 39 localidades. Também há detalhes de acordos financeiros secretos de outros 128 políticos e funcionários públicos ao redor do mundo.
O conjunto de dados mostra como a indústria global de bancas de advocacia e grandes bancos vende sigilo para políticos, fraudadores e traficantes de drogas, assim como para bilionários, celebridades e astros dos esportes.
Estas são algumas das descobertas da série The Panama Papers, um trabalho de investigação que durou um ano e foi realizado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung e por mais de 100 outras organizações de mídia. No Brasil, participam da apuração o Estado, o UOL e a Rede TV!. 
Os arquivos expõem a existência de companhias offshore controladas pelos primeiros-ministros da Islândia e do Paquistão, pelo rei da Arábia Saudita e pelos filhos do presidente do Azerbaijão. Eles também incluem pelo menos 33 pessoas e empresas que integram a uma lista negra do governo dos Estados Unidos por causa de evidências de que realizaram negócios com barões da droga mexicanos, organizações terroristas como o Hezbollah ou países vistos como “párias” pelos norte-americanos, como a Coreia do Norte e o Irã.
“Estas descobertas mostram o quão profundamente estão arraigadas as práticas nocivas e a criminalidade no mundo dos paraísos fiscais”, disse Gabriel Zucman, economista da Universidade da Califórnia, Berkeley, e autor de A Riqueza Oculta das Nações: o Flagelo dos Paraísos Fiscais. Zucman, que recebeu informações sobre a investigação, disse que a divulgação dos documentos vazados deve fazer com que governos busquem “sanções concretas” contra jurisdições e instituições que vendem sigilo por meio de empresas offshore.

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