sexta-feira, 10 de junho de 2016

Aparentemente, Dilma se convence antes de Cunha de abrir mão do cargo para evitar cassação e cadeia

Aparentemente, Dilma se convence antes de Cunha de abrir mão do cargo para evitar cassação e cadeia

Não é só pelo refresco eleitoral para o PT

Por: Felipe Moura Brasil  
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Que horas você vem, meu bem?
Aparentemente, Dilma Rousseff se convenceu antes de Eduardo Cunha da necessidade de abrir (ou fingir que abrirá) mão do cargo do qual foi afastada para tentar escapar de ser cassada e presa.
Depois dos depoimentos em que Marcelo Odebrecht a acusou de pedir R$ 12 milhões para sua campanha de reeleição e o lobista Zwi Skornicki não só admitiu ter pago R$ 4,5 milhões ao caixa dois da mesma, como também indicou o caminho da propina, Dilma defendeu um plebiscito para antecipar as eleições presidenciais, mesmo que seja reempossada.
“Será necessário consultar a população para remontar um ‘pacto’ que vinha desde a Constituição de 1988 e foi rompido com o processo de impeachment”, disse a petista na TV Brasil, em entrevista ao blogueiro Luis Nassif, que só em 2016 recebeu repasses de R$ 814 mil do governo federal, além do contrato com a Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
A EBC é aquela para a qual Dilma nomeou Ricardo Melo a poucos dias da votação do impeachment, garantindo assim o seu espaço na TV para acusar o “golpe”, como fez nesta quinta-feira – e reforçando a tese do advogado-geral da União, Fábio Medina Osório, de “desvio de finalidade” da nomeação.
“A consulta popular é o único meio de lavar e enxaguar essa lambança que está sendo o governo Temer. Dado o nível de contradição que tem hoje entre os diferentes atores neste país, é necessário que se recorra à população”, afirmou Dilma, ignorando, como de costume, que a Constituição não prevê nada disso.
Em outras palavras: uma chance da mulher sapiens para evitar a cassação (e a inelegibilidade) é que o processo no TSE contra sua chapa perca o objeto; e para evitar a cadeia, que Lula seja eleito (antes de ser preso também) e consiga melar a Lava Jato.
Por enquanto, Lula lidera o primeiro turno em todos os cenários projetados pela pesquisa CNT/MDA, mas Aécio Neves ganha no segundo – sinal evidente de que a base de Lula continua forte apesar das investigações contra ele, mas seu índice de rejeição é maior ainda.
Para ganhar força, o PT busca agora evitar o vexame nas eleições municipais deste ano e, segundo uma pesquisa revelada pelo Radar de VEJA, a avaliação do partido no Nordeste já apresentou alguma melhora.
Até os petistas, claro, sabem o motivo: a ausência de Dilma é um refresco eleitoral para o partido.
Embora esperneiem diante das câmeras, especialmente na comissão do impeachment, eles sentem o alívio de voltar à oposição no papel de vítima – e, dada a falta de sustentação política de Dilma na hipótese remota de seu retorno, vinham tentando convencê-la a se render DilmaVez.
(Agora que um relatório da área técnica do TCU aponta 17 itens irregulares nas contas de 2015, a hipótese ficou ainda mais remota.)
Eduardo Cunha, apesar das tentativas de Temer de convencê-lo por meio de Geddel Vieira Lima, ainda se recusa a renunciar à presidência da Câmara porque teme que seu mandato de deputado seja cassado no dia seguinte e que a perda do foro privilegiado o leve mais rapidamente à prisão.
Dilma parece ter se convencido antes de Cunha a largar o osso, mas, obviamente, não se deve crer em nada – absolutamente nada – do que ela diz.
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Recordar é viver em dose dupla:
Recordar eleicao
A propósito:
Propor eleição depois que já foi afastada é como defender o aborto depois que já nasceu: moleza.

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