quarta-feira, 15 de junho de 2016

Machado aponta Temer e outros 20 políticos em propinas da Transpetro


Operação Lava Jato

Machado aponta Temer e outros 20 políticos em propinas da Transpetro

POR ISADORA PERON, GUSTAVO AGUIAR, JULIA AFFONSO, MATEUS COUTINHO, FAUSTO MACEDO E RICARDO BRANDT
15/06/2016, 14h10
144
Em delação premiada, ex-presidente da Transpetro fez 13 depoimentos explosivos que pegam os cardeais do PMDB e políticos de outros partidos

Sérgio Machado. Foto: Marcos de Paula/Estadão
Sérgio Machado. Foto: Marcos de Paula/Estadão
Em sua delação premiada na Lava Jato, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado listou os nomes de 20 políticos que teriam recebido propinas no esquema de corrupção na subsidiária da Petrobrás e também o presidente em exercício Michel Temer (PMDB) que, segundo o delator, teria pedido a ele recursos ilícitos para a campanha de Gabriel Chalita (à época no PMDB) à Prefeitura de São Paulo em 2012.

Documento

Segundo o delator, todos os políticos citados por ele “sabiam” do funcionamento do esquema de corrupção capitaneado por ele na estatal e “embora a palavra propina não fosse dita, esses políticos sabiam, ao procurarem o depoente, não obteriam dele doação com recursos do próprio, enquanto pessoa física, nem da Transpetro, e sim de empresas que tinham relacionamento contratual com a Transpetro”. Ainda segundo Machado, nenhuma das doações solicitada por ele às empresas era lícita.
De acordo com Machado, empreiteiras que mantinham contrato com a estatal realizavam pagamentos mensais de propinas para políticos, parte por meio de entrega de dinheiro vivo e parte por meio de doações oficiais como forma de garantir os contratos com a estatal que era área de influência do PMDB. O delator assumiu a presidência da estatal em 2003, por indicação do 

  1. presidente do Senado Renan Calheiros, 
  2. dos senadores Jader Barbalho, 
  3. Romero Jucá e 
  4. Edison Lobão e do 
  5. ex-presidente José Sarney, 

todos da cúpula do PMDB e que foram beneficiados com propinas do esquema .
Ele admitiu ainda que administrava a estatal visando “extrair o máximo possível de eficiência das empresas contratadas pela estatal, tanto em qualidade quanto em preço” e que outros políticos, além dos responsáveis por sua indicação ao cargo, também se beneficiaram do esquema criminoso.
“O depoente também repassou propina, via doação oficial, para os seguintes: 

  1. Cândido Vaccarezza (PT), 
  2. Jandira Feghali (PC do B), 
  3. Luis Sérgio (PT), 
  4. Edson Santos (PT), 
  5. Francisco Dornelles (PP), 
  6. Henrique Eduardo Alves (PMDB), 
  7. Ideli Salvatti (PT); 
  8. Jorge Bittar (PT), 
  9. Garibaldi Alves (PMDB), 
  10. Valter Alves, 
  11. José Agripino Maia (DEM), 
  12. Felipe Maia (DEM), 
  13. Sergio Guerra (PSDB, morto em 2014), 
  14. Heráclito Fortes (PMDB), 
  15. Valdir Raupp (PMDB); 
  16. que Michel Temer pediu ao depoente que obtivesse doações oficiais para Gabriel Chalita, então candidato a prefeito de São Paulo”.
Em delação premiada, Sérgio Machado envolveu diretamente o presidente em exercício Michel Temer (PMDB) e outros 20 políticos em propinas da estatal. O delator revelou uma suposta operação de captação de recursos ilícitos, envolvendo Temer e o senador Valdir Raupp (PMDB-RR), para abastecer, em 2012, a campanha do então candidato Gabriel Chalita (PMDB) para a Prefeitura de São Paulo.
“O contexto da conversa deixava claro que o que Michel Temer estava ajustando com o depoente era que este solicitasse recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro na forma de doação oficial para a campanha de Chalita”, revelou Machado à Procuradoria-Geral da República.
De acordo com o delator, Michel Temer lhe disse que estava com problema no financiamento da candidatura do Gabriel Chalita e perguntou se ele poderia ajudar.
“O depoente disse que faria um repasse através de uma doação oficial no valor de R$ 1,5 milhão.”
O delator apontou o nome de uma empreiteira que teria feito repasse. “Ambos acertaram o valor, que ficou em R$ 1,5 milhão; que a empresa que fez a doação – no valor ajustado – foi a Queiroz Galvão.”
COM A PALAVRA, MICHEL TEMER
Em toda vida pública, o presidente em exercício Michel Temer sempre respeitou os limites legais para buscar recursos para campanhas eleitorais. Jamais permitiu arrecadação fora dos ditames da lei, seja para si, para o partido e, muito menos, para outros candidatos que apoiou em disputas. É absolutamente inverídica a versão de que teria solicitado recursos ilícitos ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado – pessoa com quem mantinha relacionamento apenas formal e sem nenhuma proximidade.
COM A PALAVRA, GABRIEL CHALITA
O ex-deputado e ex-secretário municipal de Educação de São Paulo Gabriel Chalita (PDT) divulgou nota afirmando que não pediu recursos ou qualquer tipo de auxílio ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado para sua campanha à Prefeitura paulistana em 2012, época em que era filiado ao PMDB. “Esclareço, ainda, que todos os recursos recebidos na minha campanha foram legais, fiscalizados e aprovados pelo Tribunal Regional Eleitoral”, escreveu Chalita.
COM A PALAVRA, A QUEIROZ GALVÃO
A Queiroz Galvão informa que não comenta investigações em andamento. A Queiroz Galvão informa ainda que as doações eleitorais obedecem a legislação.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

SP lidera taxa de recusa a atender recenseadores do Censo 2022

SP lidera taxa de recusa a atender recenseadores do Censo 2022     IBGE passará a notificar condomínios e cogita recorrer a medidas judiciai...