As provas de Odebrecht e o caixa 2 de Dilma
Executivos da
empreiteira prometem entregar provas que confirmam remessas para abastecer o
caixa dois de Dilma, conforme revelou ISTOÉ em sua última edição
ACORDO
IMINENTE Assinatura de delação premiada de Marcelo Odebrecht está próxima
(Crédito: REUTERS/Rodolfo Buhrer)
Mário Simas Filho
10.06.16
- 19h30
DENÚNCIA Em sua última
edição, ISTOÉ revelou diálogo em que Dilma cobra caixa 2 de Odebrecht
Na última semana, ISTOÉ revelou que a presidente afastada, Dilma Rousseff, exigiu de Marcelo Odebrecht, em encontro pessoal depois do primeiro turno das eleições de 2014, R$ 12 milhões para a campanha à reeleição.
O recurso abasteceu o caixa paralelo. Do total, R$ 6 milhões foram repassados ao marqueteiro João Santana e R$ 6 milhões ao PMDB.
A
afirmação foi feita por Odebrecht durante acordo de delação premiada, ainda em
negociação. Executivos da empreiteira prometem fornecer provas para sustentar o
que dizem. Segundo apurou ISTOÉ, a Odebrecht se comprometeu com o Ministério
Público Federal a entregar uma série de documentos que confirmam a remessa de
dinheiro para o caixa dois de Dilma. Entre esses papéis estão planilhas que
detalham as datas e valores dos pagamentos, os nomes dos beneficiários e as
contas no exterior onde foram feitos depósitos.
Serão identificadas contas e
operadores, segundo um dos membros da força tarefa que participa das
negociações, ainda não conhecidos pela Lava Jato. Algumas dessas contas já
foram reveladas e os procuradores buscam detalhá-las com o apoio dos órgãos de
controles de outros países, que possuem acordo com o Brasil. Ao longo da
semana, mais uma revelação corroborou a prática criminosa.
Preso pela Operação Lava
Jato por pagar propina em contratos da Petrobras, o lobista Zwi Skornicki
afirmou que os US$ 4,5 milhões que pagou João Santana eram, na verdade, para
financiar a campanha da petista por meio de caixa dois.
Na chamada delação definitiva, os
diretores da Odebrecht prometem munir os procuradores da força-tarefa da Lava
Jato de mais informações estratégicas.
Como o pagamento feito diretamente aos fornecedores da campanha, mas cujos recibos foram emitidos em nome do partido. Ou seja, o PT, segundo um dos procuradores, apresentou à Justiça Eleitoral despesas abatidas do caixa oficial da campanha, mas na verdade não usou os recursos declarados para efetuar esses pagamentos. A Odebrecht colocará à disposição da Lava Jato os registros internos com os valores e datas desses pagamentos, além de identificar as pessoas físicas e jurídicas que receberam os recursos.
MAIS UM Lobista Zwi
Skornicki afirmou que os US$ 4,5 milhões que pagaram João Santana eram caixa
dois de Dilma (Crédito:Giuliano Gomes)
A empreiteira entregará ainda todos
os contratos de obras feitas no exterior e com financiamento do BNDES. São
casos que fogem do alcance dos organismos de controle do País e que foram
negociados pessoalmente pelo ex-presidente Lula. Também nesses casos foram
feitos diversos pagamentos em contas abertas no exterior, algumas já reveladas.
Até a semana passada, os membros da força tarefa planejavam abrir uma nova
investigação específica para os financiamentos internacionais do BNDES, pois
são casos que não guardam relação direta com o Petrolão.
A revelação trazida por ISTOÉ na
última semana sacudiu o mundo político e ganhou as páginas de jornais
internacionais. Na edição de terça-feira 7, o jornal o The New York Times
traçou um perfil da presidente afastada em que faz menção à reportagem. O texto
descreve que Dilma vive um estado de espírito inconstante, entre a sustentação
da retórica de ter sofrido um golpe e a esperança de retornar ao poder. A
publicação, no entanto, é enfática ao analisar que, em simultâneo às denúncias
contra integrantes do novo governo, surgem revelações que a colocam cada vez
mais no epicentro das investigações do Petrolão, como a revelação feita por
ISTOÉ.
“Declarações (de
Odebrecht) contribuem para desmoronar a imagem De Dilma” – Aloysio Nunes, líder
do governo no Senado
No cenário político, a declaração de
Marcelo Odebrecht insuflou a oposição a Dilma. O líder do governo no Senado,
Aloysio Nunes (PSDB-SP), disse que o conteúdo compromete a presidente afastada.
Ele estuda pedir para incluir a acusação de Odebrecht no processo no Senado.
“Essas declarações formam a convicção de que ela não pode continuar na
Presidência. Contribuem para desmoronar a imagem virginal que o PT tentou
construir”.
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