Janot solicita que denúncia contra Lula e Delcídio seja enviada a Moro
GUSTAVO AGUIAR - O ESTADO DE S.PAULO
10 Junho 2016 | 21h 51 - Atualizado: 10 Junho 2016 | 22h 27
Ex-presidente foi denunciado pela Procuradoria-geral da república após o senador cassado acusá-lo de pagar pelo silêncio e evitar a delação premiada do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró
BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), para que a denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS) seja remetida ao juiz Sérgio Moro, na primeira instância.
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O processo também inclui o ex-assessor de Delcídio, Diogo Ferreira, o advogado Edson Ribeiro, o pecuarista José Carlos Bumlai, seu filho, Maurício Bumlai, e o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual.
Na denúncia, Delcídio era a única pessoa com foro privilegiado e segurava todos os demais no STF. Como ele foi cassado, perdeu a prerrogativa. A remessa dos autos terá, agora, que ser autorizada pelo ministro Teori Zavascki. O caso já estava sob sua apreciação antes mesmo da formulação do pedido de Janot. Na quarta-feira, 8, a Coluna do Estadão noticiou que a força-tarefa da Lava Jato estava cobrando o ministro do STF sobre os inquéritos do ex-presidente. Não há prazo, no entanto, para que o ministro decida sobre o assunto.
A denúncia contra o ex-presidente foi feita no inquérito que investiga se houve uma trama para comprar o silêncio e evitar a delação premiada do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró. Lula foi apontado por Delcídio como o mandante do pagamento de mesada a Cerveró para evitar que ele falasse sobre um esquema de compras de sondas superfaturadas pela Petrobrás envolvendo Bumlai, amigo pessoal do ex-presidente.
A tentativa de comprar o silêncio de Cerveró resultou na prisão de Delcídio e na sua posterior cassação pelo Conselho de Ética do Senado. Esteves, Ribeiro e Ferreira também acabaram na cadeia por causa do episódio, cuja principal prova foi uma gravação feita pelo filho de Cerveró, Bernardo.
Numa conversa registrada por Bernardo em outubro, Delcídio e Ferreira cogitam enviar Cerveró para Espanha, via Paraguai, e afirmam que Esteves daria suporte financeiro de R$ 50 mil mensais à família do ex-diretor da Petrobrás. O banqueiro não participa da conversa, mas teria tido acessos a trechos do acordo delação de Cerveró que, na época, ainda estava em negociação.
Outras investigações. Os demais inquéritos contra Lula e Delcídio no Supremo envolvem pessoas com foro, o que faz com que os processos permaneçam nas mãos de Teori. O ex-presidente, por exemplo, também é alvo de um pedido de inquérito ao lado da presidente Dilma Rousseff por tentativa de obstruir a Justiça. Mesmo que o Senado decida afastá-la do cargo nesta quarta, ela mantém o foro privilegiado até a conclusão da análise do impeachment no Congresso.
Janot também pediu a Teori para incluir Lula no inquérito mãe da Operação Lava Jato conhecido como “quadrilhão”. Nesse processo, há diversos políticos com foro, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Está no Supremo também a investigação sobre o sítio em Atibaia e no tríplex no Guarujá, imóveis que seriam usados por Lula. Em março, Teori determinou que Moro encaminhasse os processos que envolviam o petista ao STF, por conta do episódio envolvendo a divulgação dos telefonemas entre Dilma e Lula.
OUTRO LADO
Em nota, o ex-presidente Lula informou que já esclareceu ao Ministério Público que as afirmações de Delcídio sobre o caso são falsas, e que também já respondeu ao STF sobre o caso.
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