Gasto do governo é única demanda em alta no 1º trimestre, mostra IBGE
SÃO PAULO – Apesar da necessidade de cortar gastos, evidenciada tanto pela presidente afastada Dilma Rousseff e quanto por seu substituto interino Michel Temer, o consumo do governo continua a crescer.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que os gastos do governo cresceram 1,1% de janeiro a março em relação ao último trimestre de 2015, totalizando R$ 282,8 bilhões.
É a primeira vez que o gasto do governo cresce no primeiro trimestre nos últimos quatro anos. O dado também revela uma retomada do consumo público em base trimestral após recuar 2,9% nos últimos três meses de 2015.
Na comparação com os três primeiros meses de 2015, o consumo do governo recuou 1,4%, acumulando seis trimestres em patamar negativo. A queda é menos acentuada que os 2,9% observados no quarto trimestre do ano passado.
Do outro lado, a arrecadação com impostos sobre produtos líquidos de subsídios afundou 10,4% na comparação anual, para R$ 213,7 bilhões.
Missão
Temer assumiu o cargo em 12 de maio e nomeou uma equipe econômica bem avaliada pelos mercados, cujo objetivo é – entre outras prioridades – estancar a sangria dos cofres públicos.
No entanto, o governo pode enfrentar maior resistência que o esperado na área econômica. A sabatina de Ilan Goldfajn, indicado para a presidência do Banco Central, pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, foi adiada e não será feita a tempo para que, se aprovado na CAE e depois pelo plenário da Casa, ele participe da próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central).
A reunião do Copom está marcada para as próximas terça (7) e quarta-feira (8) e a sabatina foi remarcada para a próxima terça-feira, às 10h, depois de um impasse na Comissão. Em uma sessão tumultuada e marcada por protestos de apoiadores do governo Temer, Lindbergh Farias (PT-RJ) exigiu que fosse cumprido um intervalo de cinco dias, previsto pelo regimento do Senado, entre a apresentação do relatório e a sabatina do indicado.
Outros obstáculos surgem e a definição de um prazo para o estabelecimento do teto dos gastos públicos já é admitida por integrantes da equipe econômica, segundo o jornal Folha de S.Paulo. A atual proposta corre risco de não ser aprovada no Congresso por ser considerada rígida demais.
O ministro da Secretaria do Governo, Geddel Vieira Lima, diz que o governo está disposto a conversar, mas a flexibilização do teto não está oficialmente nos planos da Fazenda.
O momento é agora
Ainda que o teto para limite de gastos do governo seja aprovado sem obstáculos, seus efeitos devem surgir no médio e longo prazo e o mercado ainda se ressente de medidas com impactos no curto prazo.
Por isso, as instituições financeiras pesquisadas pelo Banco Central mantiveram a expectativa de déficit fiscal de 1,70% do PIB em 2016, -1%/PIB no próximo ano e -0,50% em 2018. Ou seja, nesse ritmo, o país pode acumular cinco anos consecutivos de resultados negativos.
“As medidas, de fato, foram boas. Mas é um conjunto restrito de medidas frente ao que o país precisa. Afetam mais despesas do que receitas só no horizonte de médio e longo prazo”, avalia Juan Jensen, sócio da 4E Consultoria.
Cortes e impostos
As medidas de curto prazo esperadas pelo mercado são basicamente corte de gastos públicos e aumento de impostos. “A estratégia provável do governo é primeiro fazer o corte de gasto e isso dá certo aval para que ele possa implementar algum aumento de tributo”, afirma Jensen.
O economista da 4E Consultoria acredita que o retorno da CPMF não seria aprovado em Congresso hoje, o que deve abrir caminho para o aumento da Cide, que depende apenas da decisão do Poder Executivo.
Os cortes devem ocorrer em lascas, a partir de um “pente fino” em programas sociais, por exemplo, com o intuito de retirar beneficiários que não atendem aos requisitos pré-estabelecidos.
“Tem que melhorar eficiência do gasto público para que esse corte não implique em redução da qualidade e da quantidade do setor público. É um plano de eficiência”, diz Jensen.
A expectativa é que as medidas com efeito no curto prazo sejam anunciadas nas próximas semanas. “Tem que ser rápido. Quanto antes, melhor. Ou a lua de mel do mercado com o novo governo vai acabar e isso vai tornar o ajuste ainda mais difícil”, diz Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho do Brasil.
Depressão econômica reprisa década perdida em apenas 2 anos, diz Goldman Sachs
Notícia Publicada em 01/06/2016 12:11
PIB per capita acumula queda de 9% desde o início da recessão, enquanto a década perdida mostrou recuo de 7,6% no indicador
SÃO PAULO – A recessão vivida pelo Brasil ganha contornos de depressão econômica e reproduz a década perdida de 1980 (1981-1992) em apenas dois anos, avalia o Goldman Sachs.
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“Dada a sua excepcional profundidade, amplitude e duração, a contração cíclica da atividade em curso adquiriu algumas das características de uma depressão econômica (definida como uma recessão com duração de oito ou mais trimestres que leva a uma queda acumulada de PIB de 10% ou mais)”, diz Alberto Ramos, economista para América Latina do banco, em relatório.
A atual recessão brasileira teve início no segundo trimestre de 2014 e a queda de 0,3% no primeiro trimestre deste ano completa oito trimestres seguidos de contração, baixando o PIB (Produto Interno Bruto) ao mesmo patamar do final de 2010.
Com isso, o PIB per capita acumula queda de 9% desde o início da recessão, enquanto a década perdida mostrou recuo de 7,6% no indicador.
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"A mais intensa recessão da história"
Em nota, Henrique Meirelles diz que os dados do PIB divulgados hoje confirmam a "mais intensa recessão de nossa história".
Nos próximos semestres, a expectativa é de que "como consequência da implementação tempestiva de iniciativas recentemente anunciadas, deve ter início o processo de recuperação da economia brasileira", acrescenta o ministro da Fazenda.
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